Testes de DNA indicam ligacao entre indios do Brasil e da Polinesia

Testes de DNA indicam ligação entre índios do Brasil e da Polinésia
Noticias Terra através da Deutsche Welle.
Cientistas brasileiros descobriram uma conexão genética entre índios botocudos que viveram no País no século 19 e a população polinésia

5 ABR2013
18h27
atualizado às 18h27



Análises de DNA permitem estabelecer conexão entre antiga tribo brasileira e ilhas da Polinésia, contrariando teorias que apontavam apenas uma onda migratória na origem dos povos da América do Sul.


Num estudo que pode embasar novas teorias para determinar os fluxos migratórios nas Américas, cientistas brasileiros descobriram uma conexão genética entre índios botocudos que viveram no país no século 19 e a população polinésia. O artigo científico, assinado por uma equipe multidisciplinar de diferentes universidades públicas brasileiras, foi publicado por um jornal técnico internacional na área de ciências naturais (o PNAS ) e acabou repercutindo na conceituada revista de ciência Naturee na imprensa mundial.


O trabalho acadêmico não contesta o caminho percorrido pelos primeiros homens rumo às Américas, que teria sido através do estreito de Bering, há 15 ou 20 mil anos. A pesquisa, segundo o médico Hilton Pereira da Silva, um dos autores, “amplia potencialmente a variedade de pessoas que chegaram até o continente americano”. O artigo destaca que, segundo registros, as ilhas da Polinésia passaram a ser habitadas há três mil anos.

Os pesquisadores escrevem que as análises para identificar a origem dos povos pré-colombianos eram feitas, tradicionalmente, a partir da morfologia craniana de ossadas. Algumas análises moleculares sugeriam que apenas uma onda migratória teria chegado à América do Sul, mas a presença de traços polinésios coloca essa teoria em xeque.
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Um povo com poucos amigos

Os índios Botocudos, também chamados de Aimorés, viviam em áreas hoje correspondentes aos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, divididos em diferentes comunidades. Depois de conflitos com os portugueses, o grupo foi extinto no final do século 19. “Consideramos os botocudos culturalmente extintos. Não existem descendentes reconhecidos atualmente”, explica Hilton Pereira da Silva, doutor em Antropologioa e coordenador do Laboratório de Estudos em Bioantropologia, Saúde e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A análise genética foi feita a partir de DNA mitocondrial, extraído dos dentes de 14 crânios de botocudos que estão no Museu Nacional do Rio de Janeiro: “Como o material que analisamos é comprovadamente de populações indígenas, essa analise genética indica que essa população teve contato com um outro grupo ou indivíduo.” Ele acredita tratar-se, provavelmente, de algum descendente dos milhões de escravos trazidos para o continente americano, com essa ancestralidade na região da Polinésia.

A publicação aventa possibilidades quanto à forma que o contato teria se dado, antes da chegada dos primeiros Europeus às Américas. “Não foi contato pessoal, mas sim genético”, explica Silva. Segundo ele, uma das hipóteses é que alguns dos escravos que vieram das Américas eram provenientes da ilha de Madagáscar. Esses indivíduos poderiam portar o conjunto genético da pesquisa, já que populações atuais da ilha na costa Africana possuem alguns desse genes. Os indivíduos de Madagascar, por sua vez, teriam tido contato em momentos anteriores com antigas populações da Polinésia.


Novas pistas para o povoamento das Américas

Para Silva, o que faz esse estudo singular é a descrição inédita desse conjunto genético no que ele define como “uma população homogênea do continente americano”. Segundo ele, estudos sugerem que as populações mais antigas das Américas tinham pouco contato com outros humanos. “No caso dos botocudos, é interessante por que são considerados historicamente um grupo muito aguerrido e hostil ao contato exterior”.

Essa peculiaridade dos botocudos torna ainda mais relevante o contato identificado pelo estudo com algum indivíduo ou grupo africano ou afro descendente. “É um fato histórico importante”, opina. A partir da descoberta, pesquisadores de outros povos ameríndios tendem a incluir essa marca genética em sua agenda de buscas, o que pode ajudar a traçar com maior precisão o processo de povoamento do novo mundo, especialmente em sua porção
sul.
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